sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

BRASIL RETOMOU OS INVESTIMENTOS NA BOLÍVIA

"É sandice achar que o Brasil tem de brigar com a Bolívia"

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse ontem, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, que o Brasil retomou os investimentos no gás da Bolívia porque lá está uma das maiores reservas da América Latina. "A troco de quê o Brasil não vai investir e ajudar a explorar esse gás? "É sandice achar que o Brasil tem de brigar com a Bolívia."

Dilma considerou superado o episódio da desapropriação das refinarias da Petrobrás pelo governo boliviano. "Acho que a questão relativa ao período de desapropriação foi encerrada, eles pagaram", comentou. "Não temos do que nos queixar." Para Dilma, uma relação estável com o país vizinho é de "alto interesse" do País.

O Brasil conta com 30 milhões de metros cúbicos de gás da Bolívia para garantir o abastecimento do Brasil em 2012, informou a ministra. Até lá, a produção nacional estará na casa dos 73 milhões de metros cúbicos. O País também estará importando perto de 30 milhões de metros cúbicos de outros países, na forma líquida (gás natural liquefeito ou GNL).

Atualmente, está em andamento a construção de duas unidades que injetarão o GNL nos dutos do País: um no Ceará e outro no Rio de Janeiro. Dilma anunciou aos deputados que a Petrobrás vai construir uma terceira planta de GNL, mas não disse onde.

METRÔ TERÁ 2,2 BILHÕES PARA EXPANSÃO ESTE ANO

Plano prevê novas linhas e mais trens

O Metrô deve receber, em 2008, R$ 2,2 bilhões em investimentos do governo estadual para a ampliação da malha e a aquisição de novos trens. Os investimentos fazem parte do Plano de Expansão do Transporte Metropolitano, que envolve Metrô, Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e Empresa Municipal de Transporte Urbano (EMTU) e está orçado em R$ 16,3 bilhões. Um acordo extra, firmado com a Prefeitura, em dezembro, garantiu mais R$ 1 bilhão para o Metrô, elevando o valor investido para R$ 17,3 bilhões.

Investimentos por parte da Prefeitura no Metrô não ocorriam há mais de 20 anos. Os recursos serão repassados com base numa lei aprovada no início de outubro do ano passado pela Câmara Municipal. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) vai administrar um fundo que receberá recursos provenientes do adiantamento de recebíveis. Esses valores já estão sendo angariados por meio da lei do Programa de Parcelamento Incentivado (PPI), que permitiu a renegociação de dívidas com a Prefeitura.


Investimentos - O plano prevê a compra de novos trens e a recuperação e modernização de todas as linhas, além da ampliação e construção de outras. Com a aquisição de novas composições, a Linha 1 - Azul (Tucuruvi - Jabaquara) e a Linha 3 - Vermelha (Corinthians/Itaquera - Palmeiras Barra Funda) devem reduzir o intervalo entre os trens. Na Linha 2 - Verde (Vila Madalena - Alto do Ipiranga), a extensão da Alto do Ipiranga até a Vila Prudente atenderá a novos conglomerados metropolitanos e reduzirá a emissão de poluentes em 42 mil toneladas por ano. O plano prevê também o início da segunda etapa de expansão da Linha 5 - Lilás (Largo 13 - Capão Redondo) entre o Largo 13 e a Chácara Klabin.

A Linha 4 Amarela (Luz - Vila Sônia), a ser operada pela iniciativa privada através de Parceria Público Privada (PPP), promoverá a integração de todo o sistema metro ferroviário da Grande São Paulo, além de reduzir o volume de veículos no corredor Consolação/Rebouças e facilitar o acesso a importantes pontos da Capital, como Luz, Hospital das Clínicas, avenida Paulista, entre outros.

METADE DO PIB ESTÁ CONCENTRADO EM 10% DOS MUNICÍPIOS

Apenas cinco capitais respondem por um quarto do PIB nacional

A quarta divulgação, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios (soma de todas as riquezas produzidas em cada cidade), confirmou a concentração regional da renda do País. Apenas cinco capitais - pela ordem, São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG) - responderam por um quarto do PIB nacional em 2005. No outro extremo, os cinco municípios com os menores resultados, quatro deles no Piauí, representavam 0,001% de toda a renda gerada no País.

O leque apenas dilata a desigualdade: metade do PIB brasileiro está concentrada em 51 municípios, ou seja, em menos de 10% do total de 5.564 cidades. Enquanto na ponta mais empobrecida, é necessário juntar 1.338 municípios para chegar a 1% do PIB nacional. Na divulgação, feita ontem, o IBGE estreou uma nova metodologia que leva em conta mudanças na atividade de serviços, provocadas sobretudo por avanços tecnológicos.

O resultado foi um retrato mais preciso do peso das cidades, traduzido pelo ganho de 3,2 pontos percentuais do PIB da cidade de São Paulo, de 2004 (9,09%) para 2005 (12,2%). O Rio de Janeiro também ganhou 1,1 ponto percentual na mesma comparação, passando de 4,7% para 5,8%. O cálculo, sobre os dados divulgados ontem, é do economista Sérgio Besserman, presidente do Instituto Pereira Passos, da Prefeitura do Rio. "É como se São Paulo tivesse incorporado uma Curitiba e o Rio, uma Porto Alegre", comentou.

A técnica Sheila Cristina Zani, do IBGE, coordenadora da pesquisa, destacou que, com a nova metodologia, "a estrutura produtiva está melhor medida". Ela destacou que, o método de cálculo de 1998, que servia de base da pesquisa até 2004, levava a uma subestimação de serviços como informática, telefonia, incorporações. Também foi modificado o procedimento em relação à extrativa mineral que, no caso do petróleo, passou a dar mais peso à produção efetiva e menos à renda dos royalties.

Pelos números apresentados pelo IBGE, entre os municípios com participação mínima de 0,5% do PIB nacional, 13 tiveram ganhos na participação relativa, de 2004 para 2005. Os maiores saldos ficaram com São Paulo, com 0,6%, Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, com 0,2% e Barueri, na região metropolitana de São Paulo, também com 0,2%.

O ranking dos cinco maiores PIBs municipais mantém-se inalterado desde 2003 e revela que Curitiba, que em 2002 ocupava a sexta posição, consolidou-se em quarto lugar, desbancando Belo Horizonte. A concentração de riqueza no Sudeste e no Sul é tão patente quanto a fraca participação dos municípios do Norte e Nordeste no bolo.